Pra mim o carnaval é época de ficar em casa aproveitando os dias que não tem aula. Nunca tive vontade de sair na rua nos carnavais brasileiros, e muito menos de acompanhar desfile de escolas de samba. A França parece ser o país ideal pra mim, porque aqui não tem carnaval.
Mas eu estou na Europa, aqui tudo é diferente. Então por que não ver como é o carnaval por aqui? Fui convidado pra ficar os dias do carnaval com a familia Martin (coincidência que rende brincadeiras em rodas de conversa com amigos) na Alemanha.
Como consegui deixar meus horários da faculdade de um jeito que eu não tivesse aulas de segundas e de sextas-feira, aceitei o convite. Eles moram na cidade de Dreieich, sul de Frankfurt am Main, mas as festas seriam nos vilarejos (Dorfs) de Höpfingen e Hardheim.
É até estranho dizer isso, mas todo o trajeto de casa até o terminal de trem em Paris (Gare de l'Est), e do terminal de trem em Frankfurt (Hauptbahnhof) até a casa dos Martins, foi feito apenas com transportes públicos. A qualidade e pontualidade aqui são umas das coisas que me faz não querer voltar pra São Paulo. Claro que o preço fica um pouco bem mais caro que R$3,80...
Saí de Paris dia 08/02, sexta-feira, às 9:10 da manhã, e cheguei em Frankfurt 13:00. Passamos o dia em Dreieich mesmo. No sábado foi a mesma coisa, mas a noite pegamos estrada até "Höpfi". Chegando lá, comemos comída típica do carnaval alemão: uma sopa de batata com cenoura junto com uns bolinhos de não-sei-do-que, que eram bons. Depois fomos para a festa de abertura do carnaval, praticamente o vilarejo todo estava lá, e todos fantasiados. Era um salão grande com quatro mesas longas, um espaço na frente para as pessoas dançarem e um palco onde estavam os músicos tocando músicas típicas do carnaval
alemão.Tinham apresentações de dança entre algumas músicas. A festa durou até o começo da madrugada.
No domingo começou os desfiles em Hardheim. Cada vilarejo ou grupo de amigos tem um carro alegórico que é puxado por um trator, próprias fantasias e uma saudação. Nesse dia acordei tarde e não fui de manhã com Bernd e Hanna pro grupo deles. Preferi ir a tarde com Lara andar com os Schnapsbrennen. Os Schnapsbrennen se fantasiam como bobos da corte, e saúdam as pessoas na rua dizendo "Helau". O trajeto do desfile era o contorno da cidade. As crianças que estavam no grupo jogavam doces pras pessoas na calçada, e os adultos serviam Schnaps (bebida com pelo menos 30% de alcool misturada com alguma coisa). O nome do grupo deve ser exatamente por isso, já que o Schnaps é forte a ponto de descer queimando a gargante (queimar em alemão = brennen).
Na segunda-feira foi a vez de eu ir com Bernd e Hanna fantasiado de Klohn, os Klohns se vestem como palhaços, e têm as caras pintadas de vermelho e branco. Diferente dos Schnapsbrennen, eles gritam "Ahoi!" pras pessoas na rua e andam com um instrumento de madeira pra girar e fazer barulho. Uma brincadeira entre os Klohns e os Schnapsbrennen é de quando os Schnapsbrennen gritarem "Helau", os Klohns respondem "Hell Blau" (azul claro, em alemão). O desfile no segundo dia foi na própria vila de Höpfingen, e a 'linha de chegada' era na casa de festas, a mesma onde teve a abertura no sábado. Também teve muita cerveja, Schnaps, e cerveja sem alcool para os menores de idade. Não ficamos muito nessa festa porque as aulas voltariam na terça-feira, e eu teria que pegar o trem de volta pra Paris as 5:59.
Um detalhe que me chamou bastante atenção foi o dialeto. O alemão ensinado nas escolas é o Hochdeutsch, e foi ele que eu aprendi no Brasil. Durante as conversas entre os Martins de Dreieich e os Martins de Höpfingen, eu ficava perdido, porque além de rápido, tem muitas palavras e estruturas de frases diferentes. O mais impressionante é que na festa eu estava conversando com uma pessoa, e ela precisava pensar pra falar em Hochdeutsch, eles realmente tem um pouco de dificuldade em falar o alemão padrão (claro que eles entendem e leem em Hochdeutsch, porque na TV e nos jornais é assim que é escrito). No domingo a noite fomos jantar em um restaurante grego/alemão, e eu fui fazer meu pedido pelo número no cardápio, 62. Eu pedi pro garçom o prato "Zweiundsechzig" e ele repetiu (como se fosse pra me corrigir) "Zwon"undsechzig.
Bom, esse foi meu carnaval na Alemanha, realmente não tenho nada ruim a dizer. Pretendo passar mais carnavais por lá.
Como tirei bastante foto, vou deixar um link aqui para um álbum que fiz no site imgur.
http://imgur.com/a/JVzt6
Ahoi!

Ficou faltando suas fotos!
ResponderExcluirNa super, jetzt weisst du warum man sich nicht viel sorgen über de Genitiv machen soll.... zu letzt ist es ja alles nur Dialekt. Grüsse hier von São Paulo, Höllenheiss auch Nachts.
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